O governo dos Estados Unidos iniciou uma reavaliação do acordo de militarização Aukus [acrônimo em inglês de Austrália, Reino Unido e Estados Unidos], iniciada em 2021 por Joe Biden para fornecer tecnologia militar e submarinos nucleares à Austrália.
De acordo com o Departamento de Defesa dos EUA à agência de Notícias Xinhua, o objetivo seria “garantir que os aliados façam sua contribuição total para a defesa comum”. O órgão afirmou também que o país busca “garantir que as forças armadas dos EUA estejam no mais alto nível de prontidão e que o complexo industrial militar atenda primeiro às necessidades do próprio país”.
O ministro da Defesa australiano, Richard Marles, minimizou o risco de cancelamento da parceria e disse à Australian Broadcasting Corporation que esse é “um plano para várias décadas” e que “governos surgirão e desaparecerão, e acho que sempre que virmos um novo governo, uma revisão desse tipo será realizada”.
O que é o Aukus
O acordo militar, que também envolve o compartilhamento de potencialidades cibernéticas, tecnológicas e de inteligência artificial, foi feito sob o argumento de “promover a segurança e a estabilidade na região do Indo-Pacífico”. O conceito, porém, é rejeitado pela China, que enxerga como uma justificativa para a interferência dos Estados Unidos na região e aumento do potencial de ataque contra o país asiático.
Quando criado, em 2021, o governo chinês afirmou que o Aukus fomentava uma “lógica de Guerra Fria“. À época, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chunying, afirmou que os três países deveriam “abandonar a mentalidade desatualizada da Guerra Fria e conceitos geopolíticos limitados, revogar a decisão errada, cumprir fielmente as obrigações internacionais de não proliferação e fazer mais para beneficiar a paz e a estabilidade regional”.
Em um acordo firmado entre os três países, em março de 2023, a Austrália se comprometeu a gastar 368 bilhões de dólares australianos (cerca de R$ 1,3 trilhão) durante três décadas para comprar oito submarinos movidos a energia nuclear com tecnologia britânica e estadunidense.
Por motivos diferentes, o acordo também frustrou a França, já que no mesmo movimento a Austrália abandonou o acordo que tinha com a companhia Naval Group desde 2016 para renovar a frota de submarinos. A parceria cancelada envolvia uns US$ 90 bilhões, cerca de R$ 470 bilhões à época.